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Satya Nadella está mudando tudo na Microsoft. E quando digo tudo é tudo mesmo. O indiano que se tornou CEO da gigante americana assumiu o posto deixado por Steve Ballmer em 2014 e desde então fez mudanças radicais em Redmond. Mudanças essas que até então vem aumentando a lucratividade da empresa e a colocando em uma posição de empresa inovadora em vários segmentos.

Comparando a mentalidade de Ballmer com a de Nadella fica fácil perceber porque tudo está mudando. Vamos dar uma olhada nas cinco vertentes que sustentam todo o conceito trazido por Nadella para a Microsoft:

1 – Adoção e suporte a softwares livres (open source) em seus produtos, especialmente na computação em Nuvem

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Na época de Ballmer, falar em abrir as portas da Microsoft para os softwares livres poderia ser motivo para uma demissão. Com Nadella não. Ele abraçou diversas iniciativas open source ao ponto de incorporar algumas delas aos serviços em Nuvem da empresa. Sem falar na aquisição de empresas voltadas para produção de ferramentas desse tipo, como a Xamarin.

2 – Computação em Nuvem em foco

Tudo bem que na época de Ballmer era impensável que tudo um dia poderia ser tão grandioso na Nuvem (Nuvem = a serviços online), mas na cabeça de Nadella é ai que está o futuro… na Nuvem. A estratégia de Nadella nesse segmento parece ter sido bem acertada, tanto que a lucratividade com serviços em Nuvem da Microsoft cresceu e muito desde que ele assumiu o cargo de CEO da empresa. Para comprovar isso basta pegar o último relatório de resultados da empresa que apontou, por exemplo, um crescimento de 93% na receita com o Azure, que é um dos serviços em Nuvem da Microsoft. 

A ideia de Nadella também é tirar o foco da Microsoft de cima do Windows e do Office, como sempre foi desde tempos remotos. Hoje, o Windows é vendido como um serviço e não mais como um simples software. O mesmo está sendo aplicado ao Office e diversos outros.

3 – Mobilidade

Aqui é onde entra a maior “briga” entre Ballmer e Nadella. Ballmer comprou a Nokia no intuito de emplacar o Windows Phone, mas, infelizmente, como todos sabemos, a história não teve um final feliz e o sistema não emplacou.

Nadella pegou tudo o que Ballmer fez com a Nokia e colocou em um plano de “suspensão”, e também tentou reverter todo o prejuízo causado pela compra da finlandesa. Agora Nadella tem um novo propósito e uma nova visão para o departamento mobile da Microsoft, e ele é multiplataforma. A empresa não irá focar apenas em seu software proprietário, como também dará suporte a outras plataformas mobile, como iOS e Android, assim como ainda promoverá inovações nelas. Um bom exemplo disso é a Cortana e o Office, que passaram a estar disponíveis no Android e iOS.

A ideia aqui é fazer com que todos passem a usar os produtos e serviços da Microsoft em detrimento de outros, mesmo que o sistema operacional seja da concorrência. No final do dia Nadella quer que todos usem o Office, o Outlook, o OneDrive, e tudo mais que é ofertado pela Microsoft. Se for usar tudo isso no Windows melhor ainda.

4 – Comprar para lucrar e acelerar processos

Desde que assumiu o cargo, Nadella bateu o recorde em aquisições de empresas menores. Foram 38 empresa compradas em um intervalo de 2 anos. Ballmer comprou bem menos que isso em seus 14 anos de gestão a frente da empresa. E não só isso, Nadella foi o responsável pela compra mais cara já feita por Redmond, que foi quando eles compraram o LinkedIn pela bagatela de US $ 26,2 bilhões. 

Além do LinkedIn, a Microsoft comprou as seguintes empresas:

  • Mojang – Empresa por trás do jogo Minecraft;
  • 6Wunderkinder – Empresa por trás do famoso aplicativo Wunderlist, considerado um dos melhores aplicativo para gerir tarefas e anotações;
  • Maluuba – Que é uma startup focada no uso de aprendizagem profunda (Deep Learning) para processamento de linguagem natural;
  • Acompli – Esta é uma empresa especializada em aplicativos de e-mail para iOS e Android
  • Entre várias outras

Muitas dessas empresas foram compradas no intuito de acelerar o processo de desenvolvimento de algumas ferramentas, poupando anos de trabalho.

5 – Inovar para se destacar e envolver seus produtos

De fato há um incômodo no coração dos fãs da Microsoft por ela ter se aberto tanto para o resto do mundo, especialmente quando passamos para o assunto “smartphones”, porém, não podemos esquecer que objetivo de qualquer empresa é gerar lucro e crescimento. Se isso puder ser atrelado a exclusividade, como é o caso da Apple e seus produtos, melhor ainda, porém, no caso da Microsoft a pluralidade das coisas parece estar dando mais futuro.

Agora, se você pensa que a Microsoft está deixando de investir em sua própria casa, é bom lembrar que Nadella tem muito pano pra manga, ou seria Panos Panay? Sim, esse é o nome do cara… melhor dizendo, da pessoa responsável pela linha Surface, que é a nova linha de hardwares da Microsoft.

Alguns produtos da linha Surface da Microsoft

Por anos Ballmer ficou a deriva quando o assunto era hardware proprietário. Copiar a concorrência era uma prática comum, vide o Zune, cópia descarada do iPod. Hoje, com Nadella, a palavra é uma só: INOVAR.

Nadella já falou por diversas vezes que os hardware criados por ele e sua equipe de P&D não foram feitos para apenas competir com o que já existe no mercado, mas sim, para criar novas tendências e categorias. Vejamos o exemplo do Surface Pro 4, do Surface Book, do Surface Hub, do Surface Studio e do HoloLens. Todos produtos inovadores que vem sendo copiado a torta e a direita pelo mundo a fora. Até a Apple está correndo atrás do prejuízo ao lançar o iPad Pro. Aqui mora a esperança do retorno definitivo da Microsoft para o mercado de smartphones, com o mítico e inovador Surface Phone, que poderá criar uma nova tendência ou uma nova categoria quando for lançado.

HoloLens – o computador holográfico da Microsoft mostra o poder de inovação da empresa

Conclusão:

Com tudo isso Nadella conseguiu elevar o valor de mercado da Microsoft para mais de 500 bilhões de dólares, atrás apenas da Apple e da Alphabet, que é quem controla a Google. Tudo bem que sua marca perdeu um lugar pra a AT&T, e isso foi uma derrota para ele, mas nada que não possa ser revertido no futuro.

Segundo pessoas próxima, Nadella é uma pessoa que sabe ouvir os outros. Nas palavras de Gustavo Caetano, brasileiro, CEO da Samba Tech, “Nadella é mais ação e menos ego”. Ele que esteve com o executivo em duas ocasiões disse ainda: “Ele é capaz de te ouvir, com muita simplicidade.”

Nadella também tem o respeito de grande corporações, e um bom exemplo disso é que recentemente ele foi chamado para compor o Conselho de Administração da Starbucks. Sua visão de uma empresa mais aberta abriu novas oportunidades de negócio até então impensáveis.

Sendo assim, acredito que os clientes e fãs da Microsoft devem acreditar que estão em boas mãos.

Fonte: istoedinheiro