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Não tem muito tempo que ouvimos do Brandon Watson, ex-funcionário da Microsoft, as razões pelas quais ele acredita terem sido essenciais para o fracasso do Windows Phone/Windows 10 Mobile. Ele apontou que operadoras de telefonia e fabricantes de hardware foram duas grandes responsáveis pelo fracasso do S.O. mobile da Microsoft. Vamos lembrar o que ele disse sobre o assunto:

“O Windows Phone morreu porque teria sido quase impossível bater a Google ou a Apple sem as operadoras e fabricantes de aparelhos abraçando-o. Tivemos uma sequência de dispositivos e quase não havia suporte pelas operadoras. Não podíamos ficar queimando dinheiro para agradar Sisyfus. Disse Brandon.”

Bem, Brandon tem razão em alguns aspectos, mas ele foi muito simplório em outras e errou ao afirmar que o GAP de Apps não teve nada haver com tudo isso. Terry Myerson, que está deixando a Microsoft, e Joe Belfiore, que ainda trabalha lá, teceram alguns comentários sobre o assunto é deram suas opiniões sinceras sobre o porquê do Windows Phone ter fracasso em sua missão de derrotar o iOS e o Android.

Terry Myerson…

“Eu sabia que tínhamos muito trabalho a fazer em nosso esforço sem o uso do Windows Mobile e sem a App Store. Fiquei honrado e mais do que um pouco aterrorizado. A experiência do Windows Phone foi incrivelmente desafiadora. Disse Myerson em uma publicação no LinkedIn

Ele comentou que a Microsoft foi muito inovadora com o Windows Phone ao introduzir as Live Tiles que forneciam informações e notificações em tempo real sem que o usuário sequer precisasse toca-las ou abrir qualquer aplicação. Além disso, para quem não lembra, o Windows Phone contava com uma integração nativa com as principais redes sociais da atualidade, com o Facebook e Twitter. Bastava fazer login nas entranhas do sistema e aproveitar uma integração completa e nativa. Ainda assim, Myerson disse que o Windows Phone falhou porque:

  • Os primeiros telefones com Windows Phone foram construídos na plataforma Windows CE, que era incompleta, já que havia sido projetada para pequenos sistemas embarcados;
  • A indústria avançou mais rápido do que a Microsoft poderia acompanhar;
  • O Android apresentou uma enorme perturbação no modelo de negócios ao oferecer um modelo disruptivo as operadoras

Joe Belfiore…

Joe ainda trabalha na Microsoft, então, ele ponderou ao falar dos motivos que ele acredita terem sido cruciais para o fracasso do Windows Phone, mas ele aponta o GAP de Apps como sendo um dos principais motivos para a falta de popularidade do S.O. Não há como negar isso, já que aplicações diversas nunca chegaram a Microsoft Store e isso atormentava os usuários do Windows Phone, que se sentiam excluídos das novidades. Logo que percebiam que o App estava disponível para o Android e iOS, mas não para o WP, na próxima troca de aparelho muitos migravam para as plataformas dominantes. Então, uma vez dada a chance do WP, a decepção levava os usuários para os braços da concorrência para sempre… sem falar no fato de que isso também afetava o interesse dos desenvolvedores.

Além disso, Belfiore acredita que as opções de hardware eram poucas, como também acredita o Brandon Watson, mas isso também tem uma relação absurda com a compra da Nokia e sua linha Lumia em 2014. Isso afugentou muitas OEMs, tanto que os Lumias chegaram a responder por mais de 92% do mercado de telefones com Windows entre 2015 e 2016.

Então, é o fim?

Não! A Microsoft deu tudo que tinha e já disse que não lançará mais um smartphone, no entanto, não podemos esquecer que o smartphone é apenas uma das dezenas de tipos de dispositivos móveis. Sobre isso, a Microsoft já afirmou por várias vezes que tem planos para investir em novos dispositivos móveis. Eles podem não se parecer com os atuais smartphones, mas não é o fim. Tem coisa nova e inovadora a caminho.

Core OS… CShell

Como a Microsoft pretende corrigir os erros do passado?

Aqui é possível falar um pouco sobre algumas coisas concretas e outras que estão envoltas de rumores, mas vamos por partes.

  • Windows CE VS OneCore –  O Windows CE incompleto limitava a capacidade da Microsoft de levar o poder e a versatilidade do Windows a um formato móvel. Agora, o OneCore unificou o Windows em todos os fatores e formas e o Core OS permite que um SO sensível ao contexto esteja em conformidade com os vários tipos de dispositivo e os estados do dispositivo. O sistema operacional da Microsoft, o Andromeda, provavelmente alternará entre os modos móvel, tablet e desktop.
  • Operadoras – A Apple e a Google desenvolveram relações com operadoras, desenvolvedores, clientes e OEMs (Android) anos antes da chegada do Windows Phone 7. Isso deu a eles algo que a Microsoft não tinha, especialmente por ter chegado atrasada. Hoje, à medida que a computação conectada se torna cada vez mais exigente e o mercado de smartphones se tornar mais estagnado, os PCs Always Connected (sempre conectados) e os subsequentes dispositivos de OEMs inspirados no projeto Andrômeda podem ser o passo preventivo da Microsoft e da Qualcomm para a próxima fase da computação conectada. Inclusive o eSIM pode ser um divisor de águas para esse mercado, juntamente com a opção de venda de planos de dados pela Microsoft Store.
  • Fabricantes – No começo de tudo o Windows Phone 7 contava com uma boa quantidade de OEMs famosas, como HTC, Samsung, LG e Nokia, porém, no final de tudo sobrou apenas a Nokia, já by Microsoft, e outras OEM menores. Muito do desinteresse das OEMs no Windows Phone tem relação com a falta de opções de personalização do S.O., o que dificultava a diferenciação das fabricantes. Com o Core OS isso vai melhorar, pois, as OEMs terão autonomia para escolher quais recursos do Windows devem ou não ser embarcados na sua versão. Será possível promover novas e diversas opções de personalização do S.O. Além disso, com a introdução de novas categorias, o interesse das fabricantes que buscam a diferenciação pode aumentar gradativamente.
  • PWA e UWP – Já falamos de PWA por infinitas vezes por aqui. Os Progressive Web Apps deverão fazer parte do futuro da computação em Nuvem e Mobile. O motivo para isso é que eles são mais versáteis que aplicações nativas, são multiplataforma, são mais “leves” e tem um custo de produção muito inferior as aplicações nativas. A Microsoft sabe disso e já começou a aceitar a publicação de PWAs na Microsoft Store, porém, o “golpe” maior é que a Microsoft Store vai indexar PWAs de forma automática na loja. Todos que tiveram um manifesto válido e que atendam aos requisitos da loja serão indexados e disponibilizados na Microsoft Store de forma automática. A experiência é muito semelhante senão igual a oferecida pelo nativos, muito embora as aplicações nativas tenham suas regalias, como a interação mais profunda com o S.O. e questões relacionadas a UI do App. PWA e UWP conviverão em perfeita harmonia no Windows 10. E para quem pensa que os PWA irão matar os UWP, não esqueça que a plataforma UWP é extremamente versátil e oferece uma gama de integrações com produtos e serviços Microsoft, então, pode acontecer de muita gente entrar na Microsoft Store com um PWA e depois passar tudo o formato UWP na busca por diferenciação e melhorar experiência de usuário. Quem quer o básico vai de PWA, quem quer ou precisa de algo “a mais”, vai de UWP. O Visual Studio está pronto para qualquer parada.

Nada disso pode garantir que as novas investidas da Microsoft darão algum resultado superior ao alcançado pelo Windows Phone, no entanto, é melhor ter um plano básico e algumas expectativas do que não ter nada. Além do mais, a evolução dos dos dispositivos mobile não está totalmente atrelada ao atual modelo do mercado de smartphone…

E para aqueles que torcem o nariz para qualquer novo projeto da Microsoft, peço que reflita… você quer mesmo ser um eterno dependente de apenas 2 sistemas operacionais no mercado mobile? ou melhor dizendo, quer depender eternamente da Google apenas? Já que o Android é quem domina tudo por ai? Lembre-se que quanto mais concorrência melhor para o consumidor final.

Fonte: Windows Central