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Telegram grupos secretos: mesmo que boates de Berlim estarem fechadas há cinco meses por causa do corona vírus, festas secretas são organizadas através de grupos do Telegram. Uma das festas juntou mais de 3 mil pessoas no fim de semana passado.

Telegram Grupos: Como achar grupos e canais no Telegram

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História de um membro dos membros do grupo secreto

Max (nome mudado para garantir o anonimato) checa a localização no Google Maps. “A festa deve ser em algum lugar por aqui”, afirma ao adentrar ainda mais em um parque no noroeste de Berlim. Duas horas da madrugada e os posts de luz se mantém apagados. Ele usa uma lanterna de bolso para iluminar por onde anda, verificando de forma regular a tela do celular com um alfinete no local desejado.

Em uma noite de julho como esta, Max talvez estaria em uma fila de boate da cidade. É um frequentador contínuo de festas techno, uma vez que o auxilia a lidar com o estresse do serviço. Isso porque se segunda a sexta, o rapaz de 28 anos é gerente de uma companhia de tecnologia.

Já tem quase 5 meses que ele não frequenta nenhuma, uma vez que estão todas fechadas. E devido ao receio de uma nova onda de contaminação da pandemia, não há previsão de reabertura.

Telegram grupos secretos

No entanto, isso não quer dizer que não há festas. Ou seja, mudaram de lugar. Os encontros acontecem secretamente em parques, florestas e prédios em Berlim. Uma delas é a que Max está procurando. “Um amigo meu me convidou para uns grupos do Telegram, onde as pessoas postam informações sobre as próximas raves”, conta ao olhar para uma das conversas no smartphone.

Ele deixa o caminho e anda para o lado dos arbustos. No chão, quase não se nota uma trilha recente. Dá para a escutar música não muito longe. Max acena com a cabeça e anda mais rápido.

Dez pessoas dançam em volta de uma caixa de som. No entanto, só isso. Luzes de bike piscam no escuro, seguindo a rua que leva do parque à cidade. Maz lê o chat em voz alta: “A polícia chegou e terminou com a festa”.

Telegram grupos secretos: festas marcadas por app desafiam lei e pandemia em Berlim
Telegram grupos secretos: festas marcadas por app desafiam lei e pandemia em Berlim – Foto: Reprodução/Uol

Dados apenas para membros

Max é um dos integrantes desses diversos grupos secretos do Telegram, dos quais podem ser incluídos apenas com convite. Costumam ter de 50 a 1,5 mil membros. Em um dos maiores, ele verificou ao menos cinco locais de festa na mesma noite e foi em quatro delas.

Um encontro aconteceu em uma floresta e teve duração de um dia. “Festejar ao ar livre é prático, pois dá pra tirar uma soneca na grama”, conta. O segredo faz parte da diversão. “Essas conversas fechadas, as coordenadas via GPS e as caçadas de raves – isso tudo é muito legal”.

A procura continua. “Ok, eu provavelmente deveria ir para o Hasenheide, mas isso já é considerado mainstream”, Max fala com um tom de tristeza. É um parque no bairro de Neukölln, no sudeste de Berlim.

Festas de última hora ao ar livre sempre estiveram nas noites quentes de Berlim. No entanto, como as boates continuam fechadas, o Hasenheide se tornou em um ponto de encontro para festas legais e ilegais.

Chamas um amigo para dançar em locais públicos abertos é legal. No entanto, montar uma festa com centenas de pessoas não. Os encontros auto-organizados são feitos em áreas cinza, uma vez que não se sabe quantas pessoas irão aparecer. Caso a polícia encontre grupos ilegais, eles são desfeitos e podem receber multa.

“Entendemos que as festas fazem parte da vida”, afirmou um integrante da polícia de Berlim em uma entrevista com a DW. “Nossa abordagem básica é cooperativa, tentamos explicar aos participantes que eles representam um risco”.

As festas secretas são um risco de contaminação

Caso a rave se torne um evento grande, ela realmente pode ser um risco. Jonas Schmidt-Chanasit, chefe de diagnóstico virológico do Instituto Bernhard Nocht de Medicina Tropical em Hamburgo, afirma que qualquer junção maior de pessoas, o que inclui festas ao ar livre, indica um aumento de risco de contaminação.

“Sabemos que o vírus se espalha através de gotículas. Quando se canta, aplaude, grita, essas gotículas são expelidas particularmente forte e longe. Outras pessoas podem inalá-las e se infectar”.

O virologista afirma que, mesmo em festas ao ar livre, deve-se continuar distante ou, caso não seja possível, ao menos usar máscara de proteção. “Essa é a única maneira de impedir que indivíduos infectados contagiem outros e desencadeiem o fenômeno chamado de ‘superdisseminação'”.

Telegram grupos secretos: festas marcadas por app desafiam lei e pandemia em Berlim
Telegram grupos secretos: festas marcadas por app desafiam lei e pandemia em Berlim – Foto: Reprodução/Uol

Legalizar encontros ao ar livre

Agora são três da madrugada e o parque Hasenheide se tornou em um grande evento de música ao ar livre. Não apenas techno, se dividindo em diversas áreas: em um lado música dos anos 90 e do outro pop moderno.

Mas vai para o lado de techno. Um trailer de madeira é usado como mesa de mixagem para o DJ, com caixas de som seguradas por uma corda. Se distanciar socialmente ou as máscaras parecem não ser uma prioridade para as 70 pessoas no local.

“Só queremos dançar. É só uma festa. É verão, afinal de contas. Não representamos uma ameaça, estamos só cansados da pandemia”, afirma uma pessoa na aglomeração. Max concorda, embora dance a dois metros dos outros.

A Comissão de Clubes de Berlim, uma organização oficial que representa as boates da cidade, tentam convencer as autoridades que lhes permitam realizar raves ao ar livre. O grupo separou uma lista de locais abertos em Berlim que podem ser utilizados para acomodar até 200 indivíduos.

“Estamos discutindo nossa ideia com diferentes bairros. Isso ajudará a controlar as festas e rastrear as pessoas presentes”, explica Lutz Leichsenring, da Comissão de Clubes. “Dessa forma, os organizadores cumprirão as medidas de higiene necessárias. Caso contrário, as festas ilegais ao ar livre vão continuar enquanto durar o verão”.

O fim da festa

A cena em Hasenheide confirma o que ele falou. As seis horas da manhã, a música continua no parque. O sol começa a nascer quando três carros da polícia aparecem. “Por favor, deixem o local. Vocês representam um risco de disseminação do corona vírus, por favor, saiam já”, alertam.

A música cessa, sem prisões. Os festejantes guardam as caixas de som em trailers de bike e a aglomeração começa a se dissipar de forma lenta. Conforme a polícia, por volta de 3 mil pessoas estavam no local. No entanto, o celular de Max já apita indicando onde serão as próximas raves.

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