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“Nós vamos fazer com que a Apple construa seus ‘malditos’ computadores e coisas neste país, em vez de em outros países… A Apple e todas estas grandes empresas terão de fazer seus produtos nos Estados Unidos e não na China ou Vietnã”

Tudo isso foi dito pelo próprio Donald Trump (eleito ontem como o 45º presidente dos EUA) em alguns de seus discursos feitos neste ano, e mesmo tendo citado em especial a Apple, note que ele falou sobre “grandes empresas” que produzem seus produtos fora do território americano, e a Microsoft é uma delas, sem dúvida.

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Vários especialistas da área, como Jason Dedrick, professor da Syracuse University, concordam que a ideia de Trump é no mínimo inviável, isso porque como a produção de milhares de produtos comercializados nos EUA, como o iPhone, o Xbox, ou até o Surface da Microsoft, NÃO são produzidos em território americano, mas sim, na China e na Índia, trazer toda a infraestrutura para solo americano seria extremamente oneroso.

Tudo se resume ao custo de toda a cadeia produtiva, que vai desde a distância da produção dos componentes de cada produto até a mão de obra que faz a montagem final dos mesmos. No caso do iPhone, por exemplo, praticamente 100% da montagem do smartphone é feita na China, e Trump odeia isso.

O efeito imediato de uma medida que force a repatriação da produção de produtos como esses seria um enorme prejuízo a essas companhias, já que elas precisariam investir bilhões em infraestrutura, como fábricas e tudo mais. Depois disso viriam custos mais elevados com mão de obra por exemplo, isso porque não há nem como comparar o custo de um funcionário americano com um chinês (triste realidade). No mínimo veríamos o preço desses produtos dispararem, afinal, é o ciclo natural das coisas… se aumentam os custos de produção, sem dúvida as empresas irão repassar esse custo para o consumidor final. Para que isso não acontecesse, empresas como a Apple precisariam abrir mão de embolsar cerca de 60% do lucro total sobre cada iPhone vendido a fim de manter o preço próximo de como está hoje, e isso é um cenário extremente utópico.

Produtos como o Xbox e Surface e muitos outros também devem passar pela mesma situação, e interessados em importar tais produtos também sofrerão com o aumento dos preços, ainda mais se o dólar americano continuar em sua jornada de valorização.

Vendo um possível lado positivo, tal medida geraria uma enorme quantidade de novos empregos nos EUA, e isso estaria bem alinhado com outras promessas de Trump, que dentre as quais está a geração de milhões de novos postos de trabalho no país. Além disso, produtos importados mais caros forçariam usuários a comprar mais produtos nacionais, por exemplo, aqui no Brasil, o iPhone seria praticamente colocado de lado em prol de smartphones produzidos localmente, e ai poderíamos assistir empresas como a Positivo entre outras crescerem um pouco mais. Por fim, empresas estrangeiras, mais do lado oriental do globo, como a Samsung, adorariam tal medida, afinal, elas continuarão vendendo seus produtos por “X”, enquanto Apple, Microsoft, e outras grandes empresas americanas, terão que vender os seus por “X+1”, e todas elas estarão numa situção desconfortável.

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Voltando a ser negativista, enquanto serão gerados milhares de postos de trabalho nos EUA, em contrapartida milhares de chineses ficarão desempregados, assim como milhares de brasileiros, já que, por exemplo, o Xbox One conta com produção aqui em nosso país e ele também pode ser alvo da medida de repatriação de Trump.

Enfim, se Trump cumprirá com sua promessa isso nós não sabemos ainda, porém, para o mercado de eletrônicos americano as coisas começarão a ficar bem incertas… Ele tem tudo para conseguir o que quer, afinal, a maioria do senado atualmente também é republicano.

Fontes: Olhar Digital e Wired