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A Microsoft parece estar tentando reaplicar uma técnica que já utilizou anteriormente para fazer os clientes migrarem do Windows 7 para o Windows 10. Para entender o futuro, precisamos voltar ao passado, vamos recordar:

O ano foi 2009 e a Microsoft estava se preparando para lançar seu mais recente sistema operacional de desktop: Windows 7. Havia apenas um problema – ninguém queria isso. OK, algumas pessoas queriam. Você, entusiastas, entre outros, também queriam. Mas, a maioria das pessoas, ao que parece, estavam perfeitamente satisfeitas em permanecer no Windows XP, amado até hoje por muitos. Então, o dilema da Microsoft era descobrir como fazer para atrair os atuais clientes do Windows XP e convencê-los a atualizar para um novo sistema operacional, mesmo com esses clientes preferindo continuar usando um sistema operacional mais antigo.


A Microsoft conseguiu resolver o problema e o público adotou o Windows 7 de duas maneiras. Primeiro, eles lotaram o Windows 7 com muitos novos recursos. Alguns dos novos recursos incluíram suporte a touch, recursos limitados de reconhecimento de manuscrito e suporte para discos rígidos virtuais.

A segunda coisa mais importante que a Microsoft fez foi integrar o modo Windows XP em certas edições do Windows 7. O modo Windows XP permitia que aplicativos que foram criados para o Windows XP  pudessem ser compatíveis e executados de forma transparente em uma máquina virtual do Windows XP no Windows 7.

O grande problema que a Microsoft tinha é que o Windows XP foi lançado em 2001. No momento em que o Windows 7 foi lançado, o Windows XP já tinha quase 8 anos de idade. Isso já pode ser chamado de tecnologia pré-histórica, um enorme legado. A Microsoft precisava mover os seus clientes para algo mais recente e que refletia melhor o estado atual da tecnologia. Mas, a única maneira que eles conseguiram fazer essa mudança tão fácil para os seus clientes, era fornecer compatibilidade com versões anteriores do Windows XP. E deu certo.

Voltando para 2017, podemos ver a mesma coisa acontecendo hoje. Esqueça a Microsoft inicialmente dando o Windows 10 de graça para atrair os clientes, embora, seja um bom exemplo. Em vez disso, estamos falando sobre algo que está acontecendo agora, e que parece ter foco em clientes que já estão usando o Windows 10.


Um adendo: pense por um momento no modo Windows XP dentro do Windows 7. O modo Windows XP permitiu aos usuários do Windows 7 executar aplicativos que foram projetados para o Windows XP. Também deu aos usuários do Windows 7 a opção de acessar a GUI do Windows XP se fosse necessário. Em essência, o modo Windows XP era uma muleta. Ele foi projetado para fazer com que os clientes da Microsoft adotassem o Windows 7 e ajudá-los a se acostumar gradualmente com a novidade: o Windows 7.

O sapo e água quente… 

Então, o que isso tem a ver com o Windows 10? Para descobrir, precisamos nos lembrar daquele fatídico dia 21 de outubro de 2014, quando a CEO da Microsoft, Satya Nadella, tão audaciosamente proclamou ao mundo que a “Microsoft ama o Linux”. Desde então, a Microsoft abraçou abertamente o Linux, adicionando suporte a Linux para uma variedade de produtos.

Há muitas suspeitas de que existem pessoas em Redmond que amariam ver a Microsoft retirar o sistema operacional Windows de uma vez por todas e passar para o Microsoft Linux. Mas, há apenas um enorme problema. O Windows é executado em inúmeros computadores em todo o mundo. Segundo o próprio Satya Nadella, atualmente existem 1 bilhão de dispositivos rodando o Windows. Aqueles que executam o Windows não podem mudar facilmente para o Linux porque os aplicativos que eles dependem todos os dias, são aplicativos nativos do Windows. Claro que também há pessoas, startups e usuários entusiastas, que poderiam usar praticamente qualquer coisa, mas preferem o Windows sobre as alternativas.

Embora a Microsoft não possa forçar seus clientes a mudar para o Linux, eles podem tornar o Windows cada vez mais e mais parecido com o Linux, de modo que, ao longo do tempo, a mudança por baixo do capô esteja progredindo naturalmente e sem perceber, a migração para o Linux vai acontecendo. Acho que é exatamente isso o que estamos vendo acontecer agora.

Não temos nenhuma palavra oficialmente da Microsoft sobre nada disso, mas existem sinais que levam a acreditar que a Microsoft está tentando lentamente impulsionar a adoção do Linux, está subentendido. Esqueça o SQL Server para Linux, o PowerShell para Linux e todas as outras coisas de plataforma cruzada que a Microsoft tem feito ultimamente. Vejamos unicamente o Windows 10. O Windows 10 não só suporta máquinas virtuais Linux no Hyper-V, mas também possui seu próprio shell Bash baseado em Ubuntu, o Windows Subsystem for Linux. O Windows 10 também suporta recipientes Docker e outro movimento importantíssimo, a inclusão da Microsoft como membro Platinum da Linux Foundation, que é o mais alto escalão da comunidade. Em outras palavras, o Windows 10 está lentamente se transformando em Linux.


É possível que veremos a estreia do Microsoft Linux nos próximos anos. Também é possível que os esforços da Microsoft sejam, em vez disso, destinados a impulsionar a multidão de usuários open-source a adotar o Windows, mas duvidamos disso. A maioria dos usuários Linux são fanáticos sobre o seu sistema operacional, e simplesmente não consigo imaginá-los desistir de um sistema operacional Linux nativo a favor do Windows. É muito mais provável que a Microsoft esteja plantando as bases (adicionando suporte ao Linux para o Windows Server e System Center) e preparando seus clientes (adicionando recursos do Linux ao Windows) para eventualmente lançar o Microsoft Linux. 

Obrigado ao Márcio Vianna pela dica 😉

Fonte: Redmond Magazine