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Dez anos após o lançamento do iPhone, e depois de vermos o mercado de smartphones decolar até as nuvens, atualmente ele afundou e está definitivamente; morto. O Rei está nu.

Avanços em hardware tornaram-se incrementais, com pequenas melhorias e o crescimento nas vendas estagnou-se em grande parte. Mas, o desenvolvimento de software, ou seja, um sistema operacional único e abrangente e serviços no telefone está crescendo, impulsionado em grande parte pelos avanços em AI, (inteligência artificial) que expande a capacidade dos dispositivos tornando-os cada vez mais indispensável.

A mudança está agitando a indústria. A desaceleração do crescimento intensificou uma guerra de quota de mercado na China e estamos vendo um confronto da Huawei — o terceiro maior fabricante mundial de smartphones — mais diretamente contra os atuais líderes do mercado, que são a Apple e a Samsung globalmente falando.

Esta também é uma das principais razões por trás da compra pendente da NXP Semiconductors, que recebeu uma oferta de US $ 39 bilhões de dólares, tornando a Qualcomm, a principal fornecedora para a recente e promissora indústria de chips para carros, além de reduzir sua dependência do setor de smartphones.

WSJ

Para entender como esse mercado caiu vertiginosamente, vamos retornar uma década, quando a Apple apresentou o iPhone.  As vendas globais de smartphones subiram por anos, crescendo tão rápido quanto 75,8% em 2010 a partir do ano anterior. Mas, sinais de queda já apontavam com apenas 10% até 2015 e espera-se ter um aumento de 0,6% em 2016, de acordo com a pesquisa da International Data Corp. que é uma empresa rival da Gartner. Estima-se um maior crescimento de vendas de 4,5% em 2016, em comparação com 14,4% em 2015, mas projeta que as vendas de smartphones premium, como o iPhone e o Samsung Galaxy SX cairão 1,1%.

Vários fatores estão minando a dinâmica do mercado de smartphones. Com 1,45 bilhões de smartphones vendidos no mundo inteiro em 2016, de acordo com a IDC, grande parte do mercado global está saturado. Os consumidores estão esperando mais para substituir seus smartphones. O Citigroup estima que a taxa de substituição de aparelho aumentou para 31,2 meses pelo terceiro trimestre do ano passado, em comparação a menos de 24 meses em 2011. Ou seja, as pessoas estão demorando quase 3 anos para trocar de smartphone.

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A morte do iPhone subsidiado é outro fator importante. Antigamente eram cobrado USD 199 dólares por um iPhone novo subsidiado, ou seja, com contrato e bloqueado apenas para uma operadora, parcelado na conta mensal. Agora, com as operadoras nos EUA fixando o preço inicial em USD 650 dólares para um iPhone “desbloqueado” ou parcelado em 2 anos, que na verdade não é livre totalmente, se sair, ainda ficará com a conta, tanto para clientes novos e antigos. A transformação da indústria está completa.

A mudança, que começou com a T-Mobile em 2013 e lentamente se espalhou em toda a indústria, significa que os consumidores passaram a pagar menos para o serviço mensal de telefonia e isso machucou o bolso das operadoras e também da Apple e Samsung.

Marcas mais baratas como Huawei e Blu tornaram-se populares, os clientes estão trocando de aparelho com menos frequência e não tem nada de muito novo no mercado. As fabricantes de telefone ultimamente adicionaram melhorias nas câmeras, lentes e impermeabilização, e alguns analistas esperam grandes avanços de hardware que poderiam conduzir o crescimento das vendas, mas sem muitas esperanças.

“A questão é: pode haver algo a mais que faça subir as vendas novamente?” disse o analista Gene Munster, ex-Piper Jaffray.

A resposta é não! Algumas características que poderiam ser um alento, mas não deverão aparecer tão cedo, por exemplo: uma tela verdadeiramente dobrável que permitiria uma combinação de telefone-tablet caber em seu bolso ou uma melhoria dramática em realidade aumentada que iria levá-lo para além de jogos rudimentares e para usos práticos como, descobrir se uma cadeira que você quer comprar se encaixam em sua sala de estar. Mas analisando friamente, não há nada de novo.

Software é o futuro

Enquanto os avanços em hardware têm sido menos excitantes, o software está mudando tudo, impulsionados por avanços em como os computadores processam quantidades gigantes de dados utilizando técnicas de inteligência artificial. O reconhecimento de fala da Microsoft agora é tão preciso como seres humanos e o novo Microsoft Translator acaba de romper a barreira dos idiomas, permitindo grandes saltos no software de reconhecimento de fala e visão que levaram, entre outras coisas, para versões melhoradas de assistentes virtuais como a Cortana da Microsoft, a Siri da Apple, Alexa do Amazon e outros.

Ben Schachter, analista sênior da Macquarie Capital, disse:

“nossa visão é que a próxima grande inovação será fora do dispositivo — ou seja, no software.”

Ele espera que a crescente utilização do software para atender as necessidades de automóveis, saúde, inovação em casa e entretenimento.

Qualquer semelhança com o projeto One Core da Microsoft e o ecossistema Windows 10 presente em tudo na vida das pessoas, não é mera coincidência.

A Nuvem da Microsoft, serviços e dispositivos, estão com lucros enormes, trimestre após trimestre, ações disparando na bolsa e tudo isso não deixa nenhuma dúvida de que a estratégia é a correta e que todos estão tentando correr atrás deste modelo de negócio.

A Apple com seu iPhone 7 lançado em outubro, vendeu bem, mas quem lucrou mesmo foi o negócio de serviços, que inclui o Apple Pay e a App Store. A receita desses serviços cresceu 24% com relação ao ano anterior, enquanto a com o iPhone caiu 13%.

Muito do sucesso do smartphone da Apple é resultado do seu controle de hardware e software e da mágica de outrora de Steve Jobs, que já não está surtindo mais efeito. Agora, o Google está copiando isso e em outubro lançou seu próprio smartphone, o Pixel.

Para outras empresas de hardware, a batalha pela quota de mercado de smartphones está ficando cada vez mais intensa, como a torta crescendo cada vez mais devagar. Huawei, que dobrou a receita nos últimos cinco anos, quer ser a fabricante n º 1 de smartphone em cinco anos e está competindo no mercado high-end, o mais lucrativo. O Mate 9 lançado no mês passado na Alemanha, custa $776 na Europa.

“O smartphone está mudando. Virou um dispositivo de controle “para alto-falantes em casa ou a televisão quando não conseguimos encontrar o controle remoto”

Disse Raj Madelllon, vice-presidente sênior de gestão de produtos da Qualcomm.

“O telefone virou um hub”.

De fato, morreu.

Qual será a próxima grande coisa? Alguém arrisca?

Eu não posso afirmar que será o Surface Mobile, porque não acredito que apenas um dispositivo irá reinar, como ocorreu com o iPhone, mas, ele será um divisor de águas, ou o dispositivo definitivo, como bem disse, Satya Nadella.

O grande vencedor será o Windows! Acredito que iremos escolher qual sistema e ecossistema utilizar e não qual dispositivo. Quem viver verá.

Fonte: WSJ