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A Microsoft está testando um recurso para dar às pessoas mais controle sobre seus dados pessoais. O projeto de codinome Bali tem como principal características a preservação de sua privacidade, especialmente em sua “vida online”.

Microsoft

Tela Inicial do Preview do programa

De acordo com uma página de projeto descoberta pelo pessoal do ZDNet, o tal projeto é baseado no conceito de privacidade inversa, que seria o seguinte:

“Se houver informações que só você tem e ninguém mais, isso é particular. Se há informações que alguém tem sobre você, mas você não tem, isso é inversamente privado. Segundo a Microsoft, seu objetivo é reduzir a privacidade inversa ao mínimo.”

Para alcançar tal objetivo eles estão criando o Bali, um “banco de dados pessoais” que coloca os usuários no controle de todos e quaisquer dados coletados sobre eles. Qualquer informação gerada por um usuário será armazenada no banco e o usuário poderá visualizar e gerenciar essas informações. Eles terão a opção de compartilhar e gerar receita com os dados, se assim desejarem. Isso torna o recurso um pouco diferente de ofertas similares de empresas como o Facebook e o Google, que permitem que você navegue pelos dados coletados sobre eles, mas oferecem um controle mais limitado.

Não tem muito tempo que o CEO da empresa, Satya Nadella, falava sobre como a Microsoft usa os dados de seus clientes (reveja aqui) e ele falou justamente sobre a possibilidade do usuários decidirem o que a empresa pode ou não fazer com seus dados pessoais. Falou inclusive sobre monetização. Veja a seguir:

“Não queremos monetizar em excesso. Uma das coisas que fizemos foi garantir que a utilidade fosse maximizada para os usuários”, disse Nadella ao Times. “Os usuários só devem usar um serviço se esses dados criarem utilidade para eles. Se você pensar no LinkedIn, é tudo uma oportunidade econômica para o membro. Não se trata de pegar dados de membros e usá-los para outra coisa”.

Em outro momento ele complementou:

“… a Microsoft não deve entrar em um modelo de competição de negócio”, que é uma referência a empresas como Facebook e Google.

Analisando a fala do CEO, vemos que a ideia da Microsoft não é simplesmente pegar seus dados e “vendê-los” a seus anunciantes como fazem o Facebook e o Google por exemplo. A política da empresa para esse assunto é mais voltada para agregação de valor e funcionalidades úteis ao próprio usuário ao qual os dados pertencem. O Projecto Bali pode ser um bom exemplo desse compromisso.

Nem tudo são flores…

Obviamente não vamos ser ingênuos ao ponto de acreditar que algo vem de graça. Claro que em contrapartida a tamanha versatilidade temos um belo contrato de uso dos seus dados, o que num primeiro momento pode não significar nada para você, mas para a empresa significa muito mais dados para trabalhar em seus produtos e serviços afim de torná-los mais e mais atraentes, o que, por consequência, aumenta suas vendas, gerando mais lucro a empresa.

Entenda tudo isso como um “toma lá da cá”. Você usa serviços “gratuitamente” e em troca a empresa usa seus dados pessoais para aprimorar seus produtos e serviços afim de elevar o lucro da companhia, que como retorno oferecerá produtos melhores a você, alguns deles novamente “gratuitos”.

Vale lembrar que o Project Bali só concederá acesso a seus dados pessoais armazenados por vias de sua Conta Microsoft. Se você tem uma conta Google, Facebook, Amazon ou coisas do tipo vai precisar esperar uma solução semelhante promovida por cada uma dessas empresas. A GDPR (Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados) que nasceu há poucos meses na Europa poderá ajudar e muito nisso tudo.