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Após 4 anos de gestão, Satya Nadella, atual CEO da Microsoft, continua colhendo frutos de suas inovações frente a gestão de uma das maiores empresas de tecnologia do mundo. Após definir uma meta de alcançar uma receita de US $ 20 bilhões com serviços em Nuvem até o final de 2018, o indiano a frente da gigante de Redmond levou sua equipe a alcançar a ambiciosa meta 1 ano antes do prazo previsto inicialmente.

“Conseguimos bater a meta um ano antes do previsto”, conta a presidente da Microsoft Brasil, Paula Bellizia, em entrevista exclusiva ao Jornal Estadão. “Passamos de uma empresa de softwares empacotados para uma plataforma de serviços na nuvem.”

Os números mostram que a Microsoft vai bem. Só no último trimestre, a receita com o Office 365 cresceu 42%. O software para empresas, chamado de Microsoft Dynamics, registrou alta de 69% no faturamento em relação a igual período do ano anterior. A plataforma Azure, que está no centro da estratégia de nuvem da companhia, também cresceu 90% em receita. O conjunto ajudou a gigante do software a aumentar sua receita total em 12%, alcançando US$ 24,5 bilhões no 1º trimestre do ano fiscal de 2018.

“A estratégia da Microsoft está na direção correta e Nadella é um executivo de visão”, afirma Fernando Meirelles, professor da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP). “Antes, a Microsoft tinha receita quase zero com serviços.”

E tem mais…

“No Brasil, o mercado de computação em nuvem vem crescendo a uma taxa de 20% ao ano”, disse o gerente de consultoria e pesquisa de infraestrutura e telecom da IDC Brasil, Pietro Delai. “No segmento de infraestrutura como serviço, que libera as empresas de investirem de forma antecipada, o aumento chega a 40%.

Nesse segmento as principais concorrentes da Microsoft são a Amazon, a IBM e a Google. Todas empresas igualmente gigantes, porém, Nadella tem um plano para se diferenciar das mais e esse diferencial tem apenas duas letras… AI.

A AI, sigla de inteligência artificial, possui uma ampla gama de aplicabilidades, especialmente em serviços em Nuvem. O Azure, por exemplo, já está integrado aos Cognitives Services da Microsoft que fazem uso da AI para fazer o processamento dos dados e tem muito mais por trás dessas cortinas.

“Queremos ser a empresa que vai democratizar a inteligência artificial”, diz Paula em outra fala. “Mas, a Microsoft não vai fazer tudo sozinha: temos um ecossistema de 140 mil desenvolvedores certificados para criar sistemas com nossas tecnologias.”

Para o professor da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), Fernando Meirelles, o CEO da Microsoft sabe bem o que está fazendo ao apostar no que chamamos de computação de borda (edge computing, em inglês). Isso porque segundo especialistas, a Microsoft vai “dissolver” a nuvem tradicional e processar as informações de forma distribuída, mais perto dos dispositivos onde os dados são gerados.

“A Amazon tem uma estratégia melhor para nuvem tradicional”, disse o professor da FGV-SP. “Mas, a partir de agora, quem tiver a melhor inteligência artificial é que vai ganhar a batalha.”

Nadella já entrou na Microsoft adotando várias novas posturas que fugiam completamente a tradicional gestão de Ballmer, co-fundador da Microsoft e ex-CEO da empresa. Ele começou usando frases como “Cloud First, Mobile First”, porém, muitos pensavam que essa frase fazia menção aos smartphones tradicionais, quando na verdade o Mobile First fala de mobilidade e também remete a Nuvem, pois, você pode ir onde quiser que “suas coisas” irão com você, já que elas podem ser acessadas de qualquer terminal com acesso a internet.

Isso nos leva ao próximo grande passo dado pelo indiano, que foi o lançamento de muitos produtos e serviços da Microsoft para outras plataformas além do Windows, como por exemplo, no Android e no iOS, que são os S.O. dominantes no imenso mercado de smartphones. Depois Nadella meio que desfez o que Ballmer fez com o Departamento de smartphones da companhia, dissolvendo o legado deixado pela Nokia e praticamente encerrando o projeto em torno do Windows Phone.

Satya Nadella, CEO da Microsoft, dissolveu a estratégia legada da Nokia no mercado de smartphones

No meio disso tudo, Nadella transformou o Windows e alguns outros produtos da empresas que antes eram vendidos como softwares empacotados, em serviços. Por fim, veio a guinada da empresa com um maciço investimento em serviços em Nuvem, como o Azure, Office, Dynamics, Outlook, OneDrive. Sem falar na abertura que a empresa começou a dar para softwares livres (open source), ao abrir as portas para o Linux e muitos outros de sua categoria..

O Windows 10 é personificação de um serviço que funciona em múltiplos dispositivos

A estratégia de Nadella no mercado de games também tem se destacado, quando ele e sua equipe propuseram um multiplayer cross platform, jogos sob demanda, com o Xbox Game Pass, e também com os aplicativos universais do Windows, que são capazes até mesmo de rodar no console de jogos da empresa, o Xbox One e variantes, assim como em qualquer outro dispositivo com Windows 10.

No que permeia o mercado de desenvolvimento de aplicativos e jogos, é notório o aumento no investimento de ferramentas de desenvolvimento. A compra da plataforma Xamarin é um bom exemplo disso. O Visual Studio se tornou uma central para qualquer desenvolvedor interessando em investir no Android, iOS e Windows.. Agora, o DEV pode usar o Visual Studio e um único código para criar uma aplicação que funcionará em todas as principais plataformas do mercado de forma simples e rápida.

Muito dizem que o “clima” dentro da Microsoft e suas filias também mudou. Certamente porque Nadella também implementou políticas de integração entre os vários departamentos da empresa. Antes havia uma competição em busca de destaque e isso atrapalhava o desenvolvimento em conjunto de soluções mais efetivas e de sucesso.

Claro que no meio disso tudo muitos fãs tiveram o coração partido pelo fim de alguns produtos, como a linha de smartphones Lumia, porém, depois de lutar por quase 7 anos contra o Android e iOS, Nadella deve trazer uma nova abordagem para esse mercado e prometeu novidades que não são iguais aos smartphones tradicionais. Uma nova categoria deve surgir desse raciocínio.

Como disseram os especialistas, muito provavelmente a Microsoft será a empresa guia rumo a nuvem e até lá mesmo quem não é fãs do Nadella tem que admitir que o cara anda fazendo história nesse ramo.

Fonte: Estadão