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O novo produto da Microsoft combina o Windows e o Office com segurança e software de gerenciamento de dispositivos móveis.

Nesta segunda-feira (10), a Microsoft revelou um novo pacote de software que irá alavancar o seu sistema operacional Windows e aplicativos de produtividade para fornecer um impulso para outros produtos.

O movimento reflete o esforço de Satya Nadella em unificar as divisões díspares dentro da Microsoft, para trabalhar mais estreitamente e juntas. Essa abordagem, apelidada de “One Microsoft”, visa acabar com as batalhas internas, que às vezes, retardou o crescimento da gigante de Redmond, com departamentos competindo entre si em várias áreas da empresa, fruto da gestão Ballmer.

Em sua conferência de parceiros, a Inspire 2017 em Washington, a Microsoft introduziu um produto para pequenas e médias empresas que combina o Windows e Office com seu software de gestão de segurança e dispositivos móveis. A empresa rebatizou o pacote, que era vendido para seus maiores clientes corporativos há dois anos, sob nova bandeira: Microsoft 365.

“Culturalmente, estamos mudando a forma de trabalhar,” disse Kirk Koenigsbauer, vice-presidente corporativo para a equipe do Office na Microsoft.

A nova abordagem também reflete na reorganização da força de vendas da Microsoft, ocorrida na semana passada, que levou à milhares de demissões. A Microsoft está tentando reorientar a sua equipe de vendas para se concentrar em mercados específicos, tais como, empresas de pequena porte ao invés de produtos discretos.

O novo pacote para pequenas e médias empresas, chamado Microsoft Business 365, inclui licenças para upgrades do Windows 10, uma versão de negócios do Office 365 e tecnologia de segurança e gerenciamento. A Microsoft vai disponibilizar uma versão prévia no próximo mês e espera-se que ela esteja disponível em outubro, por $20 dólares, por usuário, por mês.

O pacote business irá oferecer descontos que poderiam alcançar 50%, em comparação com o custo de comprar os produtos separadamente, disse o Sr. Koenigsbauer.

A Microsoft oferece uma versão do pacote para grandes empresas, chamado Secure Productive Enterprise, que agora será chamado, Microsoft 365 Enterprise.

Sr. Koenigsbauer disse que o produto já teve um recorde de “crescimento de três dígitos. É um driver substancial de nosso crescimento”, reafirmou.

As palavras ‘Software como um serviço’ farão os olhos de qualquer executivo da Microsoft brilhar e os departamentos devem construir novos produtos dentro da empresa alinhados a esse modelo de negócio. O produto mais popular que se encaixa nesta categoria é o Office 365, mas, a empresa tem muitas outras ofertas que incluem tudo, desde Windows, aos serviços de segurança.

Existem duas maneiras de interpretar o que a Microsoft está fazendo aqui. Por um lado, se você se inscrever para vários serviços da Microsoft que estão sendo agrupados no Microsoft 365, isso poderá simplificar o processo de utilizar estes serviços e reduzir a complexidade de seus acordos de licenciamento e assinaturas. Por outro lado, este é um serviço novo e um SKU para a Microsoft vender e não há dúvida que eles vão usar incentivos pesados para ajudar seus parceiros a sugerir aos usuários que migrem do Office 365 para um destes novos “pacotes”.

Com o Microsoft Business 365 custando 20 dólares por mês, por usuário e relembrando aquele pacote chamado Microsoft Plus, voltado para o mercado Chinês, que foi descoberto há alguns dias, entendemos que uma das estratégias da Microsoft é vender cada vez mais serviços, pacotes e soluções em nuvem, seguindo o modelo vencedor do Office 365.

Satya Nadella, em sua apresentação, reafirmou as 4 áreas estratégicas do núcleo de negócios da Microsoft:

  • Local de trabalho moderno
  • Aplicações empresariais
  • Apps & Infraestrutura
  • Dados & IA

Quando o COO Kevin Turner deixou a empresa no ano passado, marcou uma virada fundamental na era Satya Nadella. Sua saída permitiu que Nadella pudesse começar a colocar a sua própria marca na empresa, e as demissões, mudanças de estratégia e mudanças de pessoal que vimos recentemente, são um reflexo disso — ele mostra que a empresa evoluiu de um foco centrado no Windows/Office para uma base firme no Azure e Office 365, e os ganhos de receitas e a alta nas ações, não deixam qualquer dúvida da decisão acertada do nosso indiano favorito.

Isto não é uma surpresa. Satya Nadella deixou bem claro seu foco na nuvem desde os primeiros dias, com o famoso “Cloud First e Mobile First” sendo implementado apenas 52 dias após a sua posse. Hoje, como a transformação da Microsoft continua avançando, ela mostra uma empresa que colocou definitivamente a gestão da era Ballmer no retrovisor, enquanto Nadella promove na Microsoft uma enorme transformação cultural e tecnológica.

Desde os primeiros passos, o mundo não para e Satya Nadella está pilotando o navio da melhor maneira. Na Build 2017, ocorrida no mês de maio, ele levou a empresa para o próximo nível da lógica de mercado, quando anunciou não só uma primeira visão de Cloud/Mobile — isso é tão 2014 — mas, um foco em machine learning e inteligência artificial (IA) que coloca a empresa firmemente na estrada para o futuro da computação.

Entretanto, sob a batuta de Satya Nadella, a empresa tem mantido uma estratégia de aquisição constante, com a compra de mais de 40 empresas desde que ele assumiu o cargo de CEO da Microsoft, em 2014, com a maioria baseadas em nuvem. De longe, a aquisição do LinkedIn por  $ 26 bilhões de dólares foi a maior da empresa. Sua compra mais recente foi no final do mês passado, quando ele adquiriu a Cloudyn, uma empresa que fornece insights sobre o uso da nuvem de seus clientes nas plataformas concorrentes e no Azure por algo entre 50 e 70 milhões de dólares.

Cortes

Quando Turner deixou a Microsoft, Satya Nadella colocou duas pessoas no comando da organização de vendas em todo o mundo, que compartilham sua visão centrada na nuvem: Judson Althoff tornou-se chefe de atividade comercial em todo o mundo e Jean Phillipe Courtois, que assumiu as vendas globais.

Como a Microsoft está planejando despedir milhares de colaboradores, muitos concentrados em vendas, parece que essas demissões estão relacionadas com a mudança global da estratégia e as novas abordagens introduzidas por Althoff e Courtois. De acordo com um relatório do The Wall Street Journal na semana passada, a empresa não está apenas movendo-se de um mundo centrado no Windows, ela também está se afastando de uma estratégia concentrada de vendas verticais em geral, para enterprise e pequenas e médias empresas. É provável que os cortes serão, pelo menos, parcialmente relacionados a isso.

Aproveitando o pano de fundo das demissões, a Microsoft também anunciou a saída de Jim Dubois, outro executivo da velha guarda que estava na Microsoft desde 1993 e era CIO desde 2013. É interessante notar que Dubois foi nomeado CIO no ano anterior da promoção de Satya Nadella a CEO da Microsoft, de fato, uma época diferente para a empresa, a gestão Ballmer.

Com a ascensão de Nadella, veio Kurt DelBene, que título de Chief Digital Officer e tiraria grande parte das responsabilidades de Dubois.

Todos esses movimentos fazem parte do quadro de mudanças na Microsoft. Com elas ocorrendo, isso significa que os executivos da era Ballmer estão sendo trocados, e aqueles, cujo pensamento alinha-se com os de Satya Nadella, estão subindo.

Novas oportunidades

No lado dos produtos, a Microsoft anunciou algumas novidades e o calendário não foi uma coincidência. Primeiramente, a introdução do Azure Stack, uma plataforma de nuvem privada construída sobre a tecnologia de nuvem do Azure. Ele permite que as empresas que não estão dispostas ou não podem usar serviços de infraestrutura de nuvem pública, possam instalar os componentes do Azure no seu próprio centro de dados.

Como já foi dito, a Microsoft também introduziu vários novos produtos do Office 365 destinado às pequenas e médias empresas, incluindo o e-mail marketing, listagem e faturamento de serviços.

Dois produtos anunciados no mesmo dia englobam o que seria o foco em avançar as vendas de — enterprise e pequenas e médias empresas. Enquanto demissões e redução de pessoal é um remédio amargo, quando combinado com alguns dos outros movimentos da Microsoft, parece que eles também estão relacionados com a estratégia central da empresa.

Mais de três anos do seu mandato, Satya Nadella continua a colocar sua marca sobre a empresa, e as chances de outras reestruturações na Microsoft, como vimos na semana passada, não deverá ser novidade. Mudanças são inevitáveis quando você começa a instituir uma transformação, principalmente cultural e tecnológica em toda uma organização de grande porte, como é a Microsoft.

Deixo abaixo, uma imagem que mostra o tamanho das oportunidades de expansão que a Microsoft ainda espera alcançar em Intelligent Cloud e Intelligent Edge, o novo mantra de Satya Nadella. Nada mais, nada menos do que, quase 5 trilhões de dólares.

E você preocupado com smartphones. Argh!

Fonte: TechCrunch