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Com mais de 660 milhões de usuários interagindo com ela, o chatbot chinês da Microsoft conhecida como Xiaoice, tem causado polêmica por estar se tornando a “namorada” de milhares de chineses.

Em uma postagem da própria Microsoft, a empresa afirma que, embora todos saibam que ela não é real, muitos a valorizam como uma amiga querida, até uma confidente de confiança. Às vezes a linha entre fato e fantasia se confunde. Ela recebe cartas de amor e até presentes. E não muito tempo atrás, um grupo de fãs convidou-a para jantar e até pediu uma refeição extra – caso ela aparecesse. 

Seu nome é Xiaoice – o fenômeno chatbot da Microsoft na China, que encantou o público digital em todo o país mais populoso do mundo nos últimos quatro anos.

Sua popularidade é tal que ela está entre as celebridades mais admiradas da China. E seus talentos parecem não ter limites: ela é poetisa, pintora, apresentadora de TV, analista de notícias e muito mais.

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Projeção virtual de Xiaoice, o chatbot chinês da Microsoft

O “cérebro” da Xiaoice age como se ela fosse uma adolescente perto dos 18 anos. Ela tem suas próprias opiniões e age firmemente como nenhum outro bot. Ela não tenta responder a todas as perguntas feitas por um usuário. E ela está relutante em seguir seus comandos. Em vez disso, suas conversas com seus usuários frequentemente adorados são salpicadas de comentários irônicos, piadas, conselhos empáticos sobre a vida e o amor, e algumas palavras simples de encorajamento.

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Uma seleção de presente deixados para Xiaoice na sede da Microsoft na China

O principal destaque em meio a tudo isso não são esses supostos namoros virtuais, mas sim, o fato dela estar aprendendo e com crescente sucesso. A IA tem aprendido a se relacionar e interagir com os seres humanos através de nuances, habilidades sociais e, principalmente, emoções.

A parte técnica por trás do “Xiaoice the chatbot”

Ela é apenas uma pequena parte de uma estrutura de inteligência artificial (IA) massiva e multidimensional, que usa continuamente técnicas de aprendizagem profunda para absorver os tipos de dados que constroem sua inteligência emocional (QE). Ela está usando suas interações com humanos para adquirir habilidades sociais humanas, comportamento e conhecimento. Em outras palavras, ela está aprendendo a ser mais como “nós” todos os dias e esse é o ponto chave. 

Eles poderiam estar investindo massivamente no que chamamos de Quociente de Inteligência (QI), no entanto, a preferência neste momento é a ênfase no Quociente Emocional (QE), de maneira que o QI seria mais facilmente adquirido, então, o foco mudou para a parte mais difícil.

“Isso é o que chamamos de uma estrutura de computação empática “, explica Di Li, gerente geral do Projeto Xiaoice no Centro de Software e Tecnologia da Ásia da Microsoft. “Para criar um framework de IA, você precisa escolher QI ou QE, ou QE mais do que QI”.

Obra de arte criada por Xiaoice com o poema que acompanha, que traduz aproximadamente como: “Abra os olhos para testemunhar o riso das pessoas e esperar o glamour das vidas”. Foto: Microsoft AI Creation

Li explicou ainda que a ideia por trás do chatbot é gerar dados e não capturá-los, então, muita gente ainda não entendeu que Xiaoice não é Cortana, ou seja, ela não está lá para realizar ações, como por exemplo, lhe informar sobre a previsão do tempo, ou para ligar as luzes da sua casa, muito menos para criar lembretes das suas atividades. Ela não é uma assistente virtual como Cortana, Siri ou Google Assistant. Pode até agir assim caso deseje, mas ela não foi criada para esse propósito.

“Xiaoice não foi inicialmente construída para dizer o quão alto é o Himalaia ou para acender as luzes da sua casa. No começo, alguns usuários não gostaram disso. Mas, logo descobrimos que muitos outros ficaram por perto e começaram a tratá-la como uma entidade social” Completou Li. 

Ou seja, o chatbot em questão tem como principal propósito a interação social que simula uma interação humana. Assim, a IA em questão evoluirá consideravelmente no quesito emocional, o que para muitos soa como algo assustador. Quem assistiu filmes como AI – Inteligência Artificial ou mesmo Ela (Her), sabe do que estamos falando. E se tudo correr bem, em poucos anos filmes como esses que citei podem se tornar realidade…