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Satya Nadella, que é o atual CEO da Microsoft, é uma daquelas pessoas que ou você o ama ou você o odeia… isso porque as vezes é bem difícil entender o que se passa na cabeça do chefão da Microsoft. Inclusive não tem muito tempo desde que Nadella teceu alguns comentários bem interessantes sobre as diferenças entre a Microsoft e a Apple.

Primeiro exemplo:

“De certa forma, não quero diminuir o sucesso que a Apple ou o Google estão tendo. Somos empresas muito diferentes. Não somos apenas como alguns intermediários no mercado. Nós somos criadores de ferramentas e não criadores de produtos de luxo. Não é isso que nós somos. Estamos criando tecnologias para que outros possam construir”.

Ele sublinhou o comentário dizendo aos repórteres: “Você precisa obter um computador de verdade meu amigo“, quando ele percebeu que eles estavam trabalhando em um iPad.

Esses comentários foram feito durante sua visita a Índia, onde ele concedeu uma entrevista a um grupo de repórteres.

E tem mais… com um comentário desse tipo sem dúvida alguém questionou o CEO sobre os produtos da linha Surface, que não são nada baratos. Sobre isso ele falou o seguinte:

“Com o Surface nós criamos um produto Premium e uma marca Premium e, basicamente, dizemos: você sabe que cada OEM pode criar um modelo mais básico e mais barato. O que queremos é democratizar as coisas. Queremos que fiquem orgulhosos do que podemos fazer “.

De certa forma Nadella só confirmou mais uma vez que a Microsoft não é uma empresa com foco na produção de hardware, mas sim, de software, e que eventualmente fabrica hardware em prol dos seus produtos e serviços. É como se seus Surfaces funcionasses como vitrines para exibir seu portfólio, ao mesmo tempo que também servem como “molde” para os produtos realmente acessíveis que serão produzidos pelas suas OEMs. Tal estratégia, de fato, é bem diferente da adotada pela Apple, que tem foco na produção e venda de hardware, como o iPhone e o iPad.

Além disso, Nadella ainda falou sobre o fato de estar tendo que tomar decisões difíceis em vários aspectos, como por exemplo, no caso do Groove Music Pass, que foi encerrado recentemente e a Microsoft incentivou todos a migrarem para o Spotify. Sobre isso ele comentou:

“Você pode dar uma olhada no que fizemos com o Groove e o Spotify. Olhe para o headset da Harmon Kardon. Em algum sentido, é fantástico termos um dispositivo como esse dedicado a Cortana, mas que também atende o Spotify. A última vez que verifiquei, havia pessoas muito mais interessadas no Spotify do que no Groove, então, vamos trazer o melhor do que a Microsoft tem a oferecer para um usuário do Spotify e criar consumidores e fãs ao mesmo tempo. Então, essa é a abordagem que queremos tomar daqui pra frente”.

Neste momento Nadella deixa claro que a Microsoft quer apostar exatamente no que o consumidor gosta. Sua ideia parecer ser ir até onde o consumidor esteja, não importa onde. Pode até mesmo estar na concorrência, que foi o caso do Spotify.

O foco é criar consumidores da marca que venham a se tornar fãs. Nesse aspecto Nadella parece se aproximar da ideologia pregada por Steve Jobs, fundador da Apple. Até mesmo quando remetemos a produtos como o Surface Studio é possível lembrar quando o próprio Nadella falou que antes do Surface Studio ninguém precisava de um dispositivo como ele. O fato de Nadella gostar de estreia novas categorias só nos faz pensar que ele adora esse pensamento do Jobs…

“As pessoas não sabem o que querem, até mostrarmos a elas…” Steve Jobs.

No final da entrevista Nadella deixou escapar quais os departamentos da Microsoft tem lhe dado mais prazer.

“O que estamos fazendo na área de jogos é algo focado nos consumidores. Nós dobramos isso de uma maneira grande, seja olhando para a Xbox Live seja para o Mixer, Game Pass, PC ou jogos de console “, diz ele.

Xbox One X ao lado do Xbox One S… companheiros e não concorrentes

Claro que nessa etapa ele não poderia deixar que está ansioso pelas novidades que estão chegando via Windows Mixed Reality, mas, não poderia esquecer do sucesso do Xbox One, como ele próprio comentou acima.

Os números não mentem… Satya Nadella e suas estratégias tem melhorado a receita líquida da Microsoft e tem feito a empresa mergulhar numa onda de crescimento exponencial, especialmente quando o assunto são os serviços em Nuvem e ferramentas de produtividade, porém, mesmo sendo coerente em várias partes de suas falas, as palavras do CEO da Microsoft ainda soam um tanto quanto confusas em alguns casos:

Ele deu a entender que a empresa não tem tanto foco em hardware, mas eles tem uma linha de produtos bem consistente, como o Surface e o Xbox; ele também diz que o foco não é criar produtos de luxo, porém, há Surfaces que custam mais de U$ 4500, sem falar no Xbox One X, que é o console de jogos mais caro do planeta; depois ele fala que um dos focos é a Windows Mixed Reality, porém, quase não existem dispositivos prontos para essa plataforma disponíveis no mercado a preços acessíveis, nem o próprio HoloLens está pronto para o mercado consumidor; ele também falou que quer mais aproximação com o consumidor, mas, vive dizendo que a empresa tem muito foco no corporativo, então, o consumidor do qual ele fala é o Corp? E olha que não falamos sobre o “Mobile First, Cloud First”, frase célebre do CEO, mas que foi extremamente criticada por falar de mobilidade, quando a empresa meio que deixou o setor de smartphones no banho maria…

Enfim, acreditamos que falta um pouco de coerência no discurso do CEO. Algumas coisas precisam ser escancaradas ou daqui a pouco a Microsoft não terá novos fãs, mas sim, novos haters de todos os lados… isso não a impedirá de gerar mais e mais lucro, porém, é preciso acelerar alguns processos e lançamentos afim de manter uma boa imagem, especialmente diante do consumidor comum.

Fonte: MSPoweruser