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Mesmo sem dizer diretamente quais consumidores, Satya Nadella, atual CEO da Microsoft, admitiu que abandonar seguidamente os consumidores foi um erro. Não é preciso ser nenhum gênio para perceber que Nadella está falando sobre produtos e serviços e Microsoft que foram descontinuados de forma consecutiva, porém, acreditamos que ele quis se referir principalmente ao Windows Mobile.

Não tem muito tempo que a empresa se comprometeu em construir telefones com Windows mesmo quando nenhuma de suas OEMs o fizesse, mas, como já deu para perceber, tal promessa não foi cumprida como a maioria dos fãs desejada.

Satya Nadella segurando um Lumia 930 laranja

Os motivos para a quebra da promessa são diversos, já que, como bem afirmou o Joe Belfiore dias atrás, eles até que investiram nos desenvolvedores, inclusive chegaram ao ponto de escrever aplicações para alguns deles ou mesmo pagaram para isso, porém, devido a pequena quantidade de usuários, as empresas alegaram que não valia o investimento. Então, um dos motivos foi a baixa adesão de desenvolvedores.

Além disso, ao deixar de produzir seu próprio hardware, o que nos remete até os Lumia 950 e 950 XL de 2015, para, enfim, abrir espaço para as OEMs, a Microsoft deixou escapar entre os dedos o poder de decisão e de continuidade do hardware que oferecia suporte ao sistema, então, infelizmente as OEMs não investiram tanto quanto eles desejavam e deu no que deu. Poucos telefones na praça, poucos Apps, que terminou por gerar um enorme desinteresse da comunidade entusiasta e consumidores comuns.

O fato do sistema ser de 32 bits, o único dentre os principais, diga-se de passagem, também prejudicou bastante o projeto OneCore em torno do Windows 10. Manter duas frentes de desenvolvimento não foi muito agradável e pode ter minado o interesse da comunidade DEV. Além disso, o Windows Phone 8.1 e seus aplicativos se arrastaram por anos nas costas do Windows 10… alguns DEVs precisavam manter duas aplicações na loja. Tinha que oferecer suporte para dois tipos de plataformas semelhantes, porém, diferentes ao mesmo tempo.

Daí por diante veio a monótona manutenção dessa tela do Windows 10, que muitos preferem e insistem em chamar de morte ou abandono do sistema, mesmo sabendo que o mesmo ainda conta com suporte oficial até 2019. Ao menos essa é a sensação de boa parte dos fãs e que agora foi confirmada sua existência pelo CEO da empresa, que reconheceu publicamente que o abandono de consumidores foi um erro.

Durante a recente entrevista com o podcast comercial do Corner Office, que foi de onde surgiu o comentário sobre o abandono, Nadella disse o seguinte sobre o fracasso da Microsoft no mercado de smartphones:

“Se você perdeu alguma coisa, olhe para o próximo passo. Estamos entusiasmados com a nuvem… e a próxima grande onda… Mixed Reality e AI.”

Quando perguntado sobre seu erro significativo mais recente, Nadella respondeu:

“Em muitos casos, os clientes já escolheram trabalhar com você e, no entanto, conscientemente ou inconscientemente os abandonam para ir trabalhar com um novo e brilhante objetivo.”

Daí surgem as seguintes perguntas: a Microsoft devera continuar permitindo a construção e continuar investindo em telefones com Windows, mesmo com sua reputação negativa pela falta de Apps? Ou ele deveria erradicar a plataforma e começar de novo com uma nova categoria de produto não associada aos smartphones?

Não temos dúvida que a Microsoft tentou, e tentou muito. Tentou com o Windows Mobile 6.X, com o Windows Phone 7, 7.5, 7,8, 8, 8.1 e depois com o Windows 10 Mobile. Foram muitas tentativas, alguns reboot, mas até o presente momento a honra e poderio do Android e do iOS permanecem intactas. Ele mesmo, Nadella, falou em seu livro o seguinte sobre isso:

“Não entendi por que o mundo precisava do terceiro ecossistema para telefones, a menos que mudássemos as regras.” Isto é, o CEO entende que oferecer o mesmo que os outros dois S.O. mobile já ofereciam, era oferecer mais do mesmo e isso não faria sentido nem a diferença suficiente para se destacar.

Somando todos esses comentários vemos nitidamente que o foco de Nadella e da Microsoft deixou de ser o Windows 10 Mobile como o conhecemos hoje, como um plataforma exclusivamente para telefones, tal como seus concorrentes, como o S.O. que equipe do HP Elite X3 ou o Lumia 950. Se algo novo vem vindo por ai, ele certamente não é um telefone como os que temos hoje no mercado.

Então, o que podemos esperar? Provavelmente um produto relacionado ao OneCore, algo integrado de forma profunda com todo o ecossistema Windows, algo que seja parte integrante do principal núcleo desenvolvimento da plataforma, algo ligado a Mixed Reality, a AI, a Nuvem, algo que funcione como um PC ultraportátil que cabe no seu bolso, mas, sem dúvida alguma, não acreditamos que este é simplesmente o fim do Windows em dispositivos portáteis como um telefone… talvez ele pudesse ter empurrado a necessidade das palavras do Joe Belfiore mais para frente, mais para perto do anúncio de qualquer novidade em torno do OneCore, mas, nem tudo são flores…

Com a declaração de hoje temos ciência de que o CEO da empresa sabe onde errou e, conhecendo suas atitudes, ele certamente encontrará uma forma de contornar essa situação.

Fonte: Windows Central