O Apple TV Plus está para completar nove meses de existência. Entre um catálogo pequeno e produções elogiadas, o serviço ainda se esforça para mostrar a que veio.
Antes de falar do serviço de streaming da Apple, é preciso chamar a atenção para a confusão que a empresa criou ao redor do nome Apple TV: Existe o serviço de streaming, o Setup Box e o App para iOS, macOS e smarTVs dos mais diversos fabricantes.
Essa confusão vem muito da falta de talento que a Apple tem apresentado nos últimos anos com os nomes dos produtos. Quem aí acha que “iPhone 11 Pro Max” é um bom nome? Quatro palavras para chamar um produto? Isso lembra quando minha mãe estava irritada e me chamava pelo nome completo…
Então leitores, sim, temos o mesmo nome para um hardware, um software e um serviço. “Mas o serviço tem um Plus no final” muitos podem afirmar. Sim, entretanto um sufixo apenas não ajuda muito.
Serviços de streaming: um comparativo honesto entre Netflix, Prime Video e Globoplay.
Serviços nunca foram o forte da Apple. Até agora.
Uma coisa que todo mundo sempre teve em mente é que a Apple produz, na média, bons hardwares e bons softwares, mas na área de serviços ela patinou muito até chegar no momento atual.
Quem aí se lembra do “.Mac”? Se você não se lembra, não culpe-se. A sua passagem pela terra dos bits não foi marcante. iTools? MobileMe? A rede social Ping? Só quem explorou as opções do iTunes soube da existência.
A verdade é que a atual fase de serviços da Apple é um ponto fora da curva. iCloud e Apple Music são serviços que estão amadurecendo a passos largos. Falta esse amadurecimento ao Apple TV Plus.
Então o Apple TV Plus é ruim?
Muito longe disso. Ele é apenas imaturo.
O Apple TV Plus é basicamente formado por conteúdos originais. O problema disso é que um serviço desse tipo precisa de mais para convencer o público a dar uma chance.
Entre uma série aclamada como “See” estalada pelo Jason Momoa, uma premiada como “The Morning Show” com Jennifer Aniston, Reese Witherspoon e Steve Carell e a excelente (na opinião do autor) “For All Mankind”, falta conteúdo no Apple TV Plus.
Tivemos recentemente o lançamento do “Greyhound”, roteirizado e estrelado pelo excelente Tom Hanks, que, devido ao COVID-19, migrou dos cinemas para o ATV+, com lançamento considerado um sucesso para a Apple, mas muito aquém do que poderia se lançado no circuito principal.
O Apple TV Plus é o serviço com a pior relação custo benefício, explicado pelo tempo de vida, mas a percepção é que o investimento necessário não está sendo feito. Quantos lançamentos mensais temos no serviço quando comparado com um Netflix ou Prime Video da vida?
E o Apple TV Plus no Brasil?
Aí a coisa piora.
Nenhum, simplesmente nenhum item do catálogo é voltado para o público nacional. O Apple TV Plus é aquele cara que morou a vida inteira em um bairro e acha que é o melhor bairro do mundo.
O fato aqui é que o cara em questão é da mais valiosa empresa de tecnologia do planeta e tem o desejo de ser um player relevante no segmento.
Complicado quando a quantidade de lançamentos nesses nove meses é menor que os lançamentos do Netflix em um mês.
Mas se o lançamento de “Greyhound” foi um sucesso, o que está faltando?
Calma, vamos analisar as coisas de forma separada.
O lançamento de qualquer filme hoje pela internet será um sucesso. Os cinemas estão fechados. Não há parâmetros de comparação prévios suficientes para afirmar o que é sucesso.
O Netflix lançou “Bright” diretamente na sua plataforma com 11 milhões de visualizações nos três primeiros dias. Pessoas que só precisavam abrir o app e dar play. “Avengers Endgame” foi visto por nada menos que 100 milhões de pessoas no primeiro fim de semana.
Pessoas que precisaram pagar um tíquete maior que a assinatura do serviço, se deslocaram até a sala de cinema e ainda tomaram um sorvete.
Então temos que entender que essa medida de sucesso das plataformas como o Apple TV Plus são muito diferentes do que Hollywood está acostumada.
O que está faltando é o que já foi comentado: investimento. Licenciamento de conteúdo relevante, mais produções originais. Na verdade está faltando comprar um dos concorrentes.
O lançamento de filmes direto para o streaming é o futuro?
Apesar da resposta ser um “sim” para essa pergunta, ainda há ressalvas.
A esmagadora maioria dos lançamentos foram cancelados. Os filmes foram guardados em gavetas para que pudessem ser disponibilizados após a liberação dos cinemas.
Porque? Lucro.
Como vimos acima, o cinema ainda é um excelente negócio. Uma família média gasta três tíquetes para assistir um filme. No streaming essa mesma família paga uma assinatura apenas.
Então, pode esperar que os grandes estúdios farão o possível para manter tudo da forma que era.
Entretanto, conteúdos de qualidade podem mudar o hábito de consumo das pessoas. E a situação de saúde pública mundial contribuirá também para essa mudança.
Nós estamos na geração que se acostumou a assistir o que quiser no momento que quiser, sem se prender à programação das emissoras de TV. Essa geração também aceitará muito mais facilmente assistir o lançamento de um blockbuster na tela do computador ou da smarTV.
O Apple TV Plus pode se encaixar como uma luva nessa mudança. Como seu catálogo não é um diferencial, licenciar exclusivamente grandes produções (como “Greyhound”) é uma aposta que ajudaria o serviço a se diferenciar e alavancar essa quebra com o estado estabelecido.
Afinal, devo assinar o Apple TV Plus?
A boa notícia é, sabe-se lá por quanto tempo, a Apple dá um ano grátis no ATV+ para quem adquire um dispositivo novo, então se você comprou um iTreco da vida, é só entrar no site com a sua conta Apple para ativar a promoção e aproveitar.
Se não for o seu caso, o preço de R$ 9,90 pode ser muito atrativo, mas quando se lembra que o Prime Video custa a mesma coisa, tem catálogo maior e ainda te dá o Prime Music e entregas rápidas em produtos selecionados, fica difícil sugerir essa aquisição.
Existe uma tendência, mesmo que muito incipiente ainda, de termos mais lançamentos como “Greyhound” nas plataformas de streaming e para a audiência isso é bom, entretanto levaremos alguns (bons?) anos ainda para que esses serviços tornem-se mais relevantes que os cinemas no faturamento. E esse fator pode atrasar um pouco as coisas.
Gostou do texto? Comenta aí abaixo a sua opinião. Compartilhe nas redes sociais para divulgar. Não esquece de entrar também no nosso grupo do Telegram, é só acessar o botão “Canal do Telegram” lá no topo da página ou por aqui.
Comentários